Patologias
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Hemorroidas são veias dilatadas na região anal que manifestam sintomas e por isto é melhor referir como doença hemorroidária. É um problema frequente na população geral. Existem dois tipos de hemorroidas: internas e externas, de acordo com posição. As hemorroidas externas se formam no canal anal e região externa, sendo recobertas por uma pele bem sensível. Ao contrário, as internas estão na parte bem interna do ânus e são recobertas pela mucosa intestinal.
Os sintomas mais comuns ocorrem durante a defecação: dor, sangramento, prolapso. Algumas vezes, o prolapso é redutível (volta sozinho para dentro após a evacuação). Outras vezes é necessário empurrá-las para dentro. O sangramento pode ter intensidade variável, mas geralmente é vermelho vivo.
Uma inchação persistente após defecar pode gerar uma sensação de inflamação, produzindo um desconforto e sendo muito doloroso. A coceira (prurido) ao redor do ânus é também um sintoma comum. Mulheres grávidas desenvolvem sintomas com frequência ao final da gestação e que acabam melhorando após a gravidez. Contudo, podem continuar apresentando problemas crônicos e devem procurar cuidados médicos.
A postura ereta característica da raça humana, influencia aumentando a pressão nas veias do ânus. Fatores, tais como: defecação difícil, uso crônico de laxativos, longos períodos sentado no banheiro, gravidez, além de rotinas profissionais ou esportivas, podem ainda aumentar mais esta pressão dentro das veias, o que as leva a dilatar. A hereditariedade (herança genética) também é reconhecida como um fator importante para o desenvolvimento de hemorroidas.
A correlação entre hemorroidas e câncer não existe. Contudo, metade das pessoas que procuram tratamento para hemorroidas tem sintomas ocasionados por outros problemas. Em alguns casos o câncer pode ser a causa do sangramento pelo ânus e por este motivo não é seguro acreditar que seu sangramento provém de hemorroidas sem antes consultar um especialista.
Procure um coloproctologista para ser avaliado e receber o tratamento adequado. Sintomas leves normalmente são tratados através da correção dos hábitos alimentares, aumentando ingestão de água e de fibras. São boas fontes de fibras os cereais, os alimentos integrais, as frutas e os vegetais. Diminuir o esforço para evacuar é muito importante para não piorar o problema. Nos casos em que as medidas clínicas não resultam em um bom controle dos sintomas, pode ser necessário um tratamento definitivo através de procedimentos, que vão desde a ligadura elástica até a cirurgia propriamente dita.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
A fissura anal é uma pequena úlcera linear, um corte ou ruptura do revestimento do canal anal. Essa doença é comum e atinge mais frequentemente os adultos jovens, podendo ocorrer em qualquer faixa etária. Ambos os sexos são acometidos igualmente.
Seus sintomas incluem dor e sangramento e por isto é muitas vezes confundida com os sintomas de hemorroidas. O doente refere dor na região anal, durante e após as evacuações, acompanhado de sangramento que pode ser visível no vaso sanitário. Coceira e inchaço podem surgir com o passar do tempo. A fissura anal pode se manifestar de forma aguda ou crônica.
Na fase aguda a dor pode ser intensa e levar a dificuldade para evacuar ou bloqueio da defecação. Outra manifestação possível nas fissuras é a infecção, podendo levar a abscesso anal. O surgimento da doença pode se dar como resultado dos seguintes fatores: trauma do canal anal e hipertonia do esfíncter do ânus, ambas podendo ocorrer tanto pela defecação de fezes endurecidas, na prisão de ventre (constipação intestinal) quanto na diarreia. O somatório destas condições leva à diminuição do aporte de sangue ao local (hipoperfusão e isquemia) prejudicando as condições necessárias para cicatrização da fissura.
O pós-operatório de cirurgias da região anal (hemorroidas, fístulas, etc.) pode também contribuir para o aparecimento de fissura anal, porque provocam mecanismos semelhantes de hipertonia (contratura) muscular e isquemia que dificultam a cicatrização destas cirurgias. Outras doenças podem estar associadas ao surgimento de uma fissura anal como a retocolite ulcerativa, a doença de Crohn, a tuberculose e doenças sexualmente transmissíveis (sífilis, herpes, linfogranuloma venéreo, cancro mole, SIDA, citomegalovirose, etc.) assim como o câncer de canal anal. Por este motivo é de suma importância o exame realizado pelo especialista para a elucidação diagnóstica.
O tratamento será escolhido pelo seu coloproctologista, após o exame físico, e poderá ser inicialmente conservador (banhos de assento com água morna, pomadas anestésicas, dieta rica em fibras, etc.). Seu médico especialista poderá, ainda, associar a prescrição de medicações tópicas especiais que reduzem temporariamente a contratura do esfíncter interno do ânus promovendo a melhora da vascularização local e consequentemente a cicatrização da fissura. Entretanto, em muitos casos essa medicação tópica pode não conseguir ajudar na cicatrização. Em alguns casos a doença pode também retornar (recidivar) mesmo com pleno tratamento clínico. As fissuras que demoram em cicatrizar precisam ser reavaliadas pelo especialista e alguns casos podem necessitar de cirurgia. O tratamento cirúrgico tem como objetivo diminuir o poder de contração do esfíncter interno anal. Com isto, consegue-se melhorar o fluxo de sangue para o local da fissura, o que estimula sua cicatrização. Esta cirurgia possui altos índices de cicatrização embora envolva alguns riscos que serão explicados pelo cirurgião. Outros problemas associados à fissura crônica que podem ser tratados através da cirurgia são o plicoma anal e a papila hipertrófica. A escolha da melhor opção terapêutica deverá ser avaliada pelo seu cirurgião coloproctológico. A grande maioria dos casos responde bem ao tratamento clinico, mas nos casos de sangramento persistente, apesar da boa resposta ao tratamento clínico, podem necessitar de investigação adicional através de colonoscopia.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
A fístula anal ocorre frequentemente como resultado de um abscesso que se formou nesta região. A secreção purulenta contida dentro do abscesso é eliminada, naturalmente ou com ajuda de tratamento médico, dando lugar à formação de uma fístula anal que é o resultado final da cura de um abscesso desta região. A fístula, portanto, comunica a região interna do canal anal ou reto até a pele da região externa do períneo ou nádegas. Não é uma complicação do tratamento e sim uma evolução natural da condição. É um problema que exige avaliação e tratamento especializado para sua cura. Não é sempre que um abscesso desta região produz uma fístula e, por isto, não se pode prever quando um abscesso irá formar uma fístula, podendo ocorrer em cerca de metade dos casos de abscesso anal. Outra causa comum de fístula anal é a doença inflamatória do intestino ou colite. Não raro, as fístulas já formadas podem novamente infectar formando um novo abscesso. O sintoma mais comum da fístula anal é a saída de secreção persistente na região externa, ao redor do ânus, através de um ou vários pequenos orifícios. Outras doenças podem se assemelhar às fístulas desta origem como a hidroadenite supurativa e o cisto pilonidal, entre outras.
Fístulas são tratadas, na maioria das vezes, através de cirurgia programada. Algumas fístulas podem necessitar de exames antes da cirurgia, como ultrassonografia ou ressonância magnética.
Existem tipos diferentes de fístula. Então, de acordo com as características e profundidade de sua apresentação é escolhido o tipo de cirurgia ou técnica. A fístula anal pode ser mais superficial sendo o seu tratamento mais simples. Neste caso é realizada a abertura e curetagem destes trajetos fistulosos. Estas técnicas são conhecidas como fistulotomia e fistulectomia. Entretanto, nos casos de fístulas complexas, quando é comum o envolvimento dos músculos do esfíncter, o tratamento pode se tornar difícil. Por este motivo estas cirurgias devem ser realizadas por médicos cirurgiões especializados (coloproctologistas).
A maioria dos casos têm sua fístula operada em dois tempos (duas cirurgias) com intervalo aproximado de 2 a 4 meses entre as duas. Neste caso, é aplicado um cordão de fio cirúrgico ou de algodão chamado sedenho, com vistas a facilitar a segunda cirurgia e poupar o músculo esfíncter. Outro tipo de cirurgia utilizado atualmente é o retalho indicado em determinados casos de maior complexidade ou que envolvem uma porção significativa do esfíncter. A recidiva em todos os tipos de técnica é possível, mas pode ser minimizada através da atenção necessária às recomendações de seu cirurgião.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
O abscesso anal é uma cavidade em que se forma secreção purulenta (pus) na região anal. Em geral, é causado pela infecção de pequenas glândulas existentes no canal anal. Alguns abscessos podem também ser originados de uma fissura infectada, que consiste em uma ferida linear no canal anal, mas com alto potencial de desenvolver uma infecção local (leia mais no título Fissura). Existem causas menos comuns para o surgimento de um abscesso como, por exemplo, o ato de deglutir (engolir) alimentos sem mastigar que pode levar fragmentos de ossos ou espinhas de peixe até o canal anal. Neste caso, estes fragmentos não são digeridos e passam pelo canal anal podendo gerar uma escoriação, perfuração, que provoca um abscesso e, tardiamente, pode dar lugar à fístula. O abscesso produz um quadro de sintomas relacionados à infecção. É comum a apresentação de dor (contínua e/ou latejante), inchação na região que se apresenta quente e avermelhada. Também acompanham o quadro: febre, calafrios, cansaço, prostração e inapetência.
Os abscessos podem comprometer o estado geral do indivíduo e seu tratamento mais indicado é a drenagem cirúrgica associado à antibioticoterapia. Em alguns casos o abscesso se rompe e drena espontaneamente. O tratamento cirúrgico é realizado através de uma incisão que elimina as secreções, o que alivia em muito a dor provocada pela pressão existente dentro do abscesso. Os pequenos abscessos podem ser drenados sob anestesia local e os abscessos maiores e mais profundos podem necessitar internação hospitalar e a ajuda de um médico anestesista. Nestes casos também está indicada a administração de antibióticos, desta vez por via intravenosa porque se manifestam com mais gravidade. Pacientes portadores de diabetes, leucemia e outras doenças que levam à deficiência imunológica necessitam de cuidados especiais pela gravidade e rapidez com que a infecção pode evoluir.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
Doença pilonidal é a denominação mais adequada para o cisto pilonidal que consiste em um problema crônico. Pode provocar várias apresentações: abscessos, orifícios que eliminam pus (fístulas), tecido morto (necrose) e espaços e túneis debaixo da pele. Esta é uma doença que não cicatriza se não for tratada adequadamente. Acomete indivíduos jovens de ambos os sexos e incide habitualmente entre os 17 e os 30 anos, embora não seja incomum observarmos pacientes em idade acima de 35 ou 40 anos. A origem da doença ainda não está bem estabelecida. Mas, de maneira geral, está associada ao início do aparecimento de pelos que vão penetrando entre as nádegas na região próxima ao sacro e ao cóccix. Faz parte da lista de doenças tratadas pelo coloproctologista (especialista que trata das doenças do intestino, reto e ânus), pois muitas vezes pode se confundir com doenças no ânus, como é o caso da fístula anal, sendo fundamental o exame proctológico para um diagnóstico preciso.
Normalmente, como primeiro sinal, surge um abscesso que pode necessitar de cirurgia para seu esvaziamento (incisão e drenagem). Muitas vezes a doença não reaparece nem prossegue após esta drenagem, cicatrizando e dando-se por curada. Muito importante para evitar que a doença reapareça é eliminar os pelos durante alguns meses. O acompanhamento pelo médico especialista é importante para as decisões quanto ao melhor tratamento.
Na fase crônica restam persistentes orifícios que eliminam secreções, mostrando sinais de inflamação crônica, associado à vermelhidão e dor. A intervenção cirúrgica está indicada, quase sempre, nesta fase.
A primeira operação habitualmente é simples. Abrem-se as feridas e túneis sendo removidos os tecidos impróprios para cicatrização, limpando e raspando toda a cavidade que continha os pelos ou tecido morto, que então cicatriza com a ajuda de curativos diários. No pós-operatório é importantíssimo, até o fechamento total da ferida, promover a higiene local e manter a pele ao redor da cirurgia totalmente livre de pelos. Existe também a chamada técnica fechada que consiste em remover todo o tecido afetado e depois dar pontos para fechar totalmente a ferida. É possível que a doença retorne (recidiva) após a cirurgia, independente da técnica utilizada. Nos casos de recidiva pode-se optar por técnicas mais elaboradas, próprias para estes casos mais complexos e de difícil cicatrização. Estas operações consistem em cobrir apele muito comprometida pela doença pilonidal e cirurgias anteriores, por uma pele saudável da vizinhança. São as técnicas de “rotação de retalho” que oferecem um alto índice de sucesso. Exigem, porém, um maior cuidado no pós operatório.
A doença pilonidal é um problema benigno. Mas, em determinados casos pode requerer abordagem mais elaborada e complexa para seu tratamento definitivo.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
Divertículos são pequenas saculações (pequenos sacos) que surgem na parede do intestino grosso podendo atingi-lo como um todo, principalmente o lado esquerdo em um segmento chamado sigmoide.
O divertículo é formado por uma camada interna chamada mucosa e outra externa chamada serosa, ambas muito finas e próximas aos vasos que nutrem o intestino. Não há uma relação direta entre os divertículos e o câncer de intestino, apenas alguns sintomas são parecidos. O seu aparecimento está relacionado à diminuição da ingestão de fibras na dieta, o que ocorre desde o início do século passado.
Chamamos de “diverticulose” a simples presença dos divertículos no intestino grosso. Estima-se que aos 50 anos de idade metade da população, homens e mulheres, tenha divertículos assim como praticamente todos aos 80 anos. Os pacientes portadores de diverticulose são assintomáticos. Uma pequena parcela destes apresenta algum sintoma, principalmente dor abdominal e mudança no hábito intestinal, passando a apresentar a “doença diverticular”. Os pacientes com sintomas devem ser investigados para confirmação do diagnóstico e identificação das complicações, sendo empregados exames laboratoriais (sangue, fezes e urina), exames radiológicos (clister opaco e tomografia computadorizada) e o exame endoscópico (colonoscopia).
A grande maioria dos pacientes com doença diverticular necessita de tratamento clínico baseado principalmente na correção dos hábitos alimentares e eventualmente no uso de analgésicos. O fator mais importante na correção dos hábitos alimentares é o aumento da ingestão de fibras (legumes, verduras, frutas e grãos) na dieta.?
Complicações
Com a progressão da doença alguns pacientes podem apresentar uma infecção nos divertículos chamada de “diverticulite”. Esta é a complicação mais comum da doença diverticular. A suspeita de um quadro de diverticulite ocorre quando o paciente apresenta febre, mal estar geral, dor permanente no abdômen e parada do funcionamento intestinal, devendo então procurar atendimento médico imediato.
O tratamento da diverticulite é baseado na utilização de antibióticos por via oral nos casos mais simples e por via venosa nos casos mais complicados, necessitando internação hospitalar. A grande maioria dos casos de diverticulite responde ao tratamento clínico em torno de sete a dez dias. O tratamento cirúrgico é reservado para os casos mais graves que não melhoram com o tratamento clínico e evoluem com a formação de abscesso ou peritonite (infecção grave no abdômen), necessitando de cirurgia de emergência. A maioria dos pacientes melhora com o tratamento clínico e evolui satisfatoriamente sem outras crises. Alguns evoluem com novas crises, podendo apresentar estenose (estreitamento do intestino) ou fístula (comunicação interna do intestino grosso com os órgãos vizinhos como bexiga, vagina, útero, intestino delgado, pele, entre outros) que necessitam de tratamento cirúrgico eletivo (programado). Nos pacientes operados de emergência eventualmente é necessária a confecção de uma colostomia (colocação de parte do intestino grosso na parede do abdômen necessitando de uma bolsa coletora) que neste caso pode ser temporária, sendo revertida em alguns meses. Além da diverticulite alguns pacientes podem apresentar hemorragia, que é menos frequente, mas pode ser grave dependendo do volume de sangue perdido. Nesses casos os pacientes apresentam saída de grande volume de sangue vivo pelo anus muitas vezes acompanhado de taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), hipotensão (queda da pressão arterial), sudorese (suor frio) e desmaio e devem receber atendimento médico imediato. Na maioria dos casos o sangramento para espontaneamente, sendo que algumas vezes o tratamento endoscópico através da colonoscopia pode ser utilizado com sucesso. O tratamento cirúrgico é necessário apenas quando o sangramento persiste apesar do tratamento clínico e endoscópico.
Cuidados e Prevenção
As complicações da doença diverticular podem ser evitadas por um estilo de vida saudável com exercícios regulares, dieta balanceada rica em fibras, ingestão farta de líquido e um hábito intestinal regular, evitando a constipação intestinal.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
Trata-se de doença que acomete o intestino grosso (cólon e reto). Caracteriza-se por inflamação da camada superficial do intestino chamada de mucosa. A doença não tem causa definida, portanto não há tratamento específico para sua cura. No entanto, é passível de controle através de medicamentos. É associada a vários fatores, tendo por base um componente hereditário e imunológico importantes. Afeta geralmente pessoas jovens, manifestando-se por diarreia com sangue vivo nas fezes.
Quando acomete apenas o reto é chamada proctite e nesse caso costuma se manifestar por prisão de ventre com sangramento, às vezes confundida com hemorroida pelo paciente. É denominada de colite esquerda quando atinge o cólon esquerdo e pancolite ou colite extensa quando chega ou ultrapassa o cólon transverso. Eventualmente pode comprometer também a parte final do íleo terminal. A inflamação tem características próprias e uma biópsia é obrigatória para diagnóstico diferencial, pela necessidade de se afastar outras entidades que cursam com inflamação intestinal, tais como as colites causadas por bactérias, vírus e parasitas.
Os pacientes apresentam diarreia crônica com sangue, sendo comum a anemia, frequentemente sem febre. O diagnóstico se confirma por exclusão de doenças com causas tratáveis. Uma retossigmoidoscopia com biópsia é sempre obrigatória.
A colonoscopia ajuda no diagnóstico e especialmente no rastreamento da displasia e do câncer colorretal nos casos com mais de 7 anos de doença. A incidência de câncer colorretal é maior na doença extensa ou mais grave, assim como nos casos que possuem parentes com câncer de cólon.
A colite ulcerativa também cursa com manifestações em outros órgãos como os olhos, as articulações, a pele, as vias biliares e o fígado. Particularmente importante é a espondilite anquilosante que acarreta rigidez com imobilidade quase total da coluna.
Tratamento clínico
O tratamento em princípio é clínico, por longo período ou por toda a vida. Medicamentos específicos para controle da inflamação intestinal, tais como sulfasalazina, imunossupressores e/ou imunomoduladores também são prescritos. Se ainda assim a doença continua rebelde, o próximo passo é a introdução de medicamentos chamados biológicos, tendo como o primeiro da lista o infliximabe, feito em regime de hospital-dia (curta internação) programado.
Quando operar a colite ulcerativa?
As indicações são claras. Nos casos em que não se consegue controlar a doença, mesmo com o melhor do tratamento clínico e, eventualmente, na criança que não responde aos medicamentos, agravado pela parada do crescimento. Nos casos que ao longo dos anos desenvolvem displasia ou câncer no cólon. Nos pacientes portadores de cirrose biliar, provocada pela colangite esclerosante, e que vai se submeter a transplante hepático, pode ser indicado retirar o cólon antes como profilaxia para câncer, pois viverá dependente de imunossupressores em grandes doses, o que pode facilitar o surgimento da neoplasia no intestino grosso. Outras indicações para o tratamento cirúrgico são condições agudas como a hemorragia maciça, a perfuração ou infecção. Nestes casos é possível haver a necessidade de remover o cólon de urgência. O megacólon tóxico é um quadro grave que se manifesta com infecção descontrolada. Neste caso, se não houver resposta ao tratamento clínico intensivo a cirurgia é a única opção salvadora. Nestas duas condições pode ser indicado o uso de potentes medicamentos imunossupressores, a exemplo da ciclosporina.
Quais as cirurgias mais comuns?
Quando não é possível controlar a inflamação com medicações, a cirurgia é programada antes que sobrevenha um problema maior ou complicação como a hemorragia, perfuração ou infecção. A cirurgia ideal nestes casos é retirada total dos cólons e do reto sendo colocado o intestino delgado (íleo) para funcionar na parede abdominal (ileostomia definitiva).
Entretanto, uma técnica possibilita a reconstrução do trânsito intestinal através da confecção de um reservatório ileal (bolsa ileal) que permite que o paciente volte a evacuar pelo ânus. Esta não é uma operação fácil, sendo aconselhável a presença de um especialista em coloproctologia. Alguns fatores de ordem técnica podem impedir a efetivação desta reconstrução intestinal. A técnica com bolsa ileal pode também apresentar alguns contratempos ao longo dos anos, como inflamação local chamada de bolsite, que necessitam de especialistas para acompanhá-las.
Nos casos em que se utiliza a técnica de reconstrução do trânsito intestinal é comum que seja realizada uma ileostomia temporária com a intenção de assegurar uma melhor cicatrização dos pontos de sutura no intestino delgado com o reto ou ânus. Alguns casos raros que evoluem com inflamação da bolsa ileal (bolsite) podem exigir uma nova operação para retirada da mesma. Nestes casos o paciente permanecerá com ileostomia definitiva. Estas cirurgias estão indicadas para os quadros mais difíceis ou graves, livrando os pacientes de uma cirúrgica de urgência, de complicações sérias que colocam sua vida em risco, ou mesmo do câncer intestinal.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
A doença de Crohn é uma enfermidade inflamatória que pode se manifestar em qualquer parte do tubo digestivo (desde a cavidade oral até a região anal) sendo mais comum na final do intestino delgado (íleo) e do intestino grosso (cólons).
Sua causa ainda não está esclarecida. Não é uma doença contagiosa e pode afetar tanto adultos como crianças, não havendo predominância de sexo. É uma doença muito comum entre os Judeus, mas sua incidência tem crescido entre outros grupos étnicos, especialmente nos grandes centros urbanos. Alguns fatores estão associados ao surgimento da doença e uma maior incidência dentro de núcleos familiares (10 a 25%) indica importância dos fatores genéticos. Outros fatores, tais como o contato com antígenos (vírus e bactérias), fatores ambientais (estilo de vida, tabagismo, hábitos alimentares) e emocionais, podem representar algum nível de importância em sua apresentação, caracterizando esta doença como multifatorial. Portanto, não há uma explicação definitiva para a causa da doença. É doença crônica e não há cura descrita. Pode se manifestar ao longo da vida com crises agudas recorrentes, assim como períodos longos de acalmia e ausência dos sintomas, chamado remissão. O tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico pode influenciar positivamente no controle da doença, permitindo longos períodos sem sintomas.
Sintomas
Estomatites (inflamações na boca), diarreia, dor no abdômen, perda de peso e febre são características mais comuns. A inflamação do intestino delgado (principalmente do íleoterminal, em 80% dos casos) e do intestino grosso (colite) provoca diarreia com ou sem muco (secreção) e/ou sangue nas fezes. Apenas 1/3 dos casos apresenta doença restrita ao íleo terminal. Pode ocorrer estreitamento (estenose), em especial no intestino delgado. É comum apresentar distensões do abdome, dor do tipo cólica, com dificuldade para a eliminação de gases intestinais. É frequente ocorrer uma obstrução parcial ao esvaziamento do conteúdo intestinal, com necessidade de internações com hidratação venosa, uso de antibióticos venosos e de corticosteroides, além de restrição temporária à ingestão de alimentos, para ajudar na recuperação. É possível também a ocorrência de fístulas. Um terço dos doentes com Crohn tem manifestações no ânus e região perianal. Esses trajetos fistulosos podem ser múltiplos e com grande destruição tecidual extensa, pela reação inflamatória própria da doença de Crohn e pela infecção secundária que ocorre na área afetada, prejudicando significativamente a qualidade de vida do enfermo.
Outros problemas podem surgir fora do tubo digestivo afetando a pele, articulações, olhos, fígado e vasos, conhecidos por manifestações extra intestinais.
Diagnóstico
A colonoscopia com biópsia e avaliação do íleo terminal é o melhor recurso para o diagnóstico da doença. O exame histopatológico do material colhido na biópsia pode confirmar a suspeita. A tomografia computadorizada do abdome pode ser útil na identificação de fístulas entre alças intestinais e outras alterações. Outros exames como radiografias do abdome, exame contrastado do intestino delgado podem ajudar. Os exames laboratoriais também são importantes no diagnóstico e controle da enfermidade.
Evolução, Tratamento e Controle
O curso da doença pode variar de acordo com as manifestações intestinais e/ou extra intestinais. É comum a desnutrição em adultos e crianças, podendo provocar atraso no crescimento quando a doença surge na infância.
O tratamento depende da forma de apresentação da doença e do grau de gravidade, é iniciado quase sempre com medicamentos. Ocorticosteroide é a medicação mais usada. Várias outras medicações podem ser associadas com o objetivo de fazer regredir a inflamação dos tecidos como os aminosalicilatos, os fistulectomia, imunossupressores e a terapia biológica. Alguns casos necessitam de intervenção cirúrgica para tratamento de complicações. A indicação mais comum de cirurgia é o tratamento das estenoses (estreitamento) intestinais. A investigação, tratamento e acompanhamento desses enfermos envolvem quase sempre um médico clínico (gastroenterologista) e um cirurgião (coloproctologista ou do aparelho digestivo), na maior parte das vezes, de acordo com a forma de apresentação, localização e extensão da doença.
Os pacientes que evoluem com doença por mais de 10 anos precisam ser controlados através de colonoscopia periódica, porque possuem um maior risco de apresentar displasia e neoplasia intestinal.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
Também conhecidos como verrugas anais, os condilomas são pequenas lesões com formato e aparência de verrugas que podem afetar a pele em torno do ânus, podendo surgir também no interior do canal anal. Outras regiões vizinhas também podem ser afetadas pelas lesões, principalmente a pele da área genital, períneo, nádegas e virilhas.
Condiloma é considerado uma doença sexualmente transmissível e o agente causador da doença é o Papiloma Vírus Humano, conhecido como HPV (human papilomavirus). Através do contato íntimo e direto pode haver transmissão da doença. Não é necessário haver penetração para o surgimento de lesões no ânus.
O sintoma mais comum é o prurido (coceira), podendo apresentar também sangramento e, mais raramente, dor. O mais provável é que o próprio paciente perceba as verrugas durante a higiene. Entretanto, algumas lesões são muito planas, rasas e não elevadas, podendo passar despercebidas pelo paciente, necessitando da avaliação de um coloproctologista, como no caso das lesões que surgem dentro do canal anal. Neste caso, é de grande importância o exame preventivo da região anal, a ser realizado sempre pelo coloproctologista.
Um pequeno número de verrugas pode ser tratado com sucesso através de aplicação local de medicamentos, tais como o ácido tricloroacético, a podofilina ou o imiquimod. Quando são mais numerosas, geralmente é necessária uma intervenção cirúrgica como a eletrocoagulação sob anestesia.
Importante enfatizar que lesões causadas pelo HPV, quando não tratadas, podem se espalhar ou crescer. Há sempre uma possibilidade de recidiva após o tratamento. Por isto é necessário um controle periódico no consultório do coloproctologista depois de realizado o tratamento.
Existem subtipos do vírus que estão direta e claramente relacionados com a ocorrência de câncer na região anal.
O sexo seguro com uso de preservativos e com parceiros de confiança é a melhor prevenção para este problema. Se estiver em tratamento, procure se abster do sexo com o(a) parceiro(a) até que o tratamento esteja concluído. Por segurança, é aconselhável que o(a) parceiro(a) seja também avaliado.
As lesões por HPV não são exclusividade dos órgãos genitais. A região anorretal necessita de igual cuidado através de exames preventivos realizados pelo coloproctologista.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
São tumores malignos que podem comprometer todo o intestino grosso (cólon) e o reto. Podem atingir tanto homens quanto mulheres, sendo a primeira causa de câncer do aparelho digestivo e a terceira em incidência entre todos os tumores malignos em nosso país. Segundo o INCa (Instituto Nacional de Câncer) foi projetado para 2008 mais de 25.000 casos/ano.
Os tumores de intestino grosso podem ser divididos em dois grupos básicos:
1) Esporádico
2) Familiares
Contudo, existem doenças associadas que podem aumentar a sua incidência.
Os fatores de risco que mais influenciam o surgimento de casos esporádicos de câncer intestinal são:
a) idade acima de 50 anos
b) dieta com alto teor de gordura
c) carnes
d) baixo teor de cálcio
e) obesidade
f) sedentarismo
g) tabagismo
h) pouca fibra vegetal.
Pode haver transmissão genética familiar de tumores colorretais associado a outros tipos de tumores configurando síndromes genéticas, ou seja, aqueles que têm familiares com história de câncer colorretal, câncer de ovário, endométrio ou mama. Algumas condições genéticas familiares são chamadas de Polipose Adenomatosa Familiar e o Câncer Colorretal Hereditário sem polipose (HNPCC).
Algumas doenças representam fator de risco no câncer, como as doenças inflamatórias do cólon: a “retocolite ulcerativa” e a “doença de Crohn”, em especial.
Trata-se de um ponto muito importante em casos de câncer colorretal. Por isso, é tratado separadamente no tópico prevenção e rastreamento.
Infelizmente, os sintomas são mínimos ou inexistem no início da doença (quando os resultados do tratamento seriam melhores). Os mais importantes são:
a) perda de sangue, que pode ser oculto (só se manifestando através de uma anemia, fraqueza e cansaço) ou visível (sangue vivo ou escuro) percebido ao evacuar ou surgindo misturado às fezes;
b) dor abdominal
c) massa abdominal
d) alteração do ritmo intestinal
e) intestino preso
f) diarreia alternada com intestino preso
g) vômitos ou náuseas.
Frente a qualquer um dos sintomas ou sinais acima descritos, deve-se procurar o médico, habituado a investigar este tipo de doença. Um especialista pode conduzir o exame proctológico, indicando exames como a pesquisa de sangue oculto, a retossigmoidoscopia ou colonoscopia. Outros exames podem ser orientados pelo médico especialista de acordo com a apresentação do caso, sempre objetivando o diagnóstico precoce de pólipos ou de pequenos tumores. Não faça autodiagnóstico, nem se submeta a exames sem orientação médica.
Quando o tumor é muito inicial ou ainda trata-se de um pólipo, geralmente pode ser retirado através da colonoscopia.
Na maior parte das vezes, o tratamento é a cirurgia para remoção da parte afetada juntamente com os gânglios linfáticos (linfonodos). Em alguns tumores de reto, de diagnóstico precoce, é possível removê-lo através do ânus. Em outros casos, é possível retirar parte do reto e preservar o esfíncter anal, eliminando a necessidade de colostomia.
Dependendo do grau de desenvolvimento do tumor pode ser necessário um tratamento adicional (adjuvante) de quimioterapia e em alguns casos também de radioterapia. Em alguns casos, este tratamento (radioquimioterapia) pode ser indicado antes da cirurgia, reduzindo o tamanho do tumor e facilitando sua retirada. Em geral, a cirurgia é realizada por via abdominal. Em casos selecionados, a videolaparoscopia pode ser indicada. Dependendo do tipo de cirurgia e necessidade pode ser necessária a colocação de um estoma (colostomia ou ileostomia), temporário ou permanente.
Sim. Especialmente nos casos avançados. As metástases mais comuns são para os gânglios linfáticos (linfonodos) que fazem a drenagem do local onde se encontra o tumor. Outras vezes, a metástase pode acontecer para outros órgãos, mais comumente para o fígado, o pulmão e o cérebro.
Finalmente, o melhor tratamento para o câncer colorretal é o diagnóstico precoce. A melhor prevenção do câncer é encontrar e remover os pólipos intestinais.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br
O ânus é a região que controla a saída das fezes, localizado no final do intestino grosso e liga o intestino ao exterior do corpo. No câncer anal, alterações dessa região fazem com que suas células cresçam descontroladamente, resultando em um comportamento maligno.
O câncer anal é raro. Um tumor anal maligno pode ocorrer na parte externa do ânus (mais comum no sexo feminino) ou na parte interna do canal anal (maior incidência no sexo masculino).
Um maior risco para o surgimento do câncer anal é observado em:
• Portadores de doenças sexualmente transmissíveis, especialmente o papiloma vírus (HPV) e a AIDS (HIV);
• Indivíduos com idade acima de 50 anos;
• Fumantes;
• Transplantados;
• Portadores de fístula anal ou feridas abertas;
• Indivíduos que realizaram radioterapia pélvica;
• Hábito de ingerir pouca fibra alimentar;
Quando descoberto precocemente, as chances de cura são maiores. Pessoas com as características de risco acima mencionadas devem sempre consultar um coloproctologista. No entanto, existem sintomas de alarme, tais como:
Alterações intestinais (intestino preso ou solto) e aumento da força na evacuação;
• Sangramento ou secreção purulenta nas evacuações;
• Caroço na área externa ou interna;
• Dor, pressão ou coceira no local;
• Inchaço no ânus ou na virilha.
Para o diagnóstico de câncer do ânus, a colonoscopia não é o exame ideal. O diagnóstico é confirmado pelo coloproctologista, que realiza os seguintes exames:
• Inspeção e toque retal - o médico verifica se existem alterações externas ou internas da região anal, seguido de
• Anuscopia – exame visual do canal anal, realizado com a ajuda de um espéculo chamado anuscópio.
• Retoscopia - onde um tubo é introduzido na região anal e permite examinar inclusive o reto próximo ao ânus.
• Ultrassonografia endoanal – que mostra em detalhes os tecidos que formam o ânus, através de imagem.
• Biópsia - análise de um pequeno fragmento de tecido removido durante o exame, com a finalidade de verificar se há sinais de câncer.
A escolha do melhor tratamento dependerá do tamanho do tumor, do acometimento dos linfonodos e de suas condições clínicas.
Atualmente, o tratamento inicial é a combinação da radioterapia e quimioterapia. Quando descoberto precocemente, a cirurgia normalmente costuma ser eficaz.
Os tumores podem reaparecer, por isso é importante seguir as recomendações médicas e realizar os exames regularmente. Lembrem-se: a descoberta precoce é a melhor prevenção.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – www.sbcp.org.br